A recente evolução tecnológica de smartphones e da internet nas nuvens e nos objetos, agora nos permite carregar nossas conexões sociais e profissionais conosco todo o tempo e para todos os espaços físicos
A espécie humana evoluiu e sobreviveu ao longo de milhares de anos mantendo-se como caçadores-coletores em uma vida em constante movimento. Com o surgimento da tecnologia da agricultura há mais de 10 mil anos atrás, o modo de vida transforma-se e passamos a adotar o sedentarismo, a prática de viver em um mesmo lugar por longos períodos de tempo.
Até alguns anos atrás, levamos esse modo de vida a extremos com muitos de nós passando, em média, mais de 10 horas sentados em nossas estações de trabalho. E ironicamente, a nossa interação com o mundo dava-se por meio de uma tecnologia tão sedentária quanto nós, as estações desktop.
A recente evolução tecnológica de smartphones e da internet nas nuvens e nos objetos, agora nos permite carregar nossas conexões sociais e profissionais conosco todo o tempo e para todos os espaços físicos.
Os espaços digitais das empresas igualmente transformam-se e ampliam-se. O mundo digital, que girava em torno dos websites e seus satélites (hotsites, minisites), expande-se para espaços móveis ‘appificados’ e conversacionais, como redes sociais. O ecossistema digital público de uma empresa ganha complexidade e mobilidade.
Segundo dados do Comscore, hoje, 46% da população já tem padrões de uso multiplataforma (mobile, desktop, tablet), o percentual de navegação mobile já supera os 63% e estima-se que até 2020 teremos mais 212 bilhões de sensores e dispositivos coabitando nosso mundo.
Como consequência, novos modelos de interação sensoriais (por voz, gestuais, hápticos) tornam-se necessários para atender a um modo de interação mais móvel, cada vez mais natural e cada vez mais humano.
O mundo como uma nova fronteira corporativa
No contexto da transformação digital, os espaços digitais internos das empresas também desenvolvem-se, seguindo o mesmo padrão. O modelo de Digital Workplace (DW) surge como o contraponto ao modelo de espaços digitais públicos para refletir um mundo corporativo, cada vez mais integrado e que muda a forma como as pessoas trabalham e colaboram.
O DW é um mercado estimado de 14 bilhões até 2021 que reflete um ambiente de trabalho mais holístico para seus usuários. Nele, a intranet continua relevante, mas tem seu papel revisto e expandido, passando a se integrar a outros serviços, APPs e sistemas formando um novo ecossistema digital.
Nele, a tecnologia funciona como uma camada facilitadora, dinâmica e flexível que permite que, de acordo com a experiência de trabalho do usuário, ele possa selecionar o conjunto de ferramentas que melhor atenda ao seu dia a dia. O que torna um DW como mais do que a soma de seus componentes é a sua ênfase em refletir a experiência de trabalho de seus usuários permitindo que colaborem, comuniquem e sejam produtivos de forma segura a qualquer tempo e em qualquer lugar.
As dimensões dos Digital Workplaces
Uma estratégia de DW bem sucedida deve atender a diferentes dimensões da experiência de trabalho das pessoas e pode ser dividida em diferentes planos de maturidade digital como:
- Plano de serviços
Uma plataforma de acesso a serviços e sistemas que suportem a produtividade dos usuários. Um bom exemplo seriam as lojas de APPs corporativos que vão formalizar um modo de vida que já faz parte do dia a dia das pessoas tanto do ponto de vista profissional quanto pessoal.
- Plano de colaboração
Os espaços digitais podem servir como ferramenta de colaboração para estimular a produtividade, engajamento e relacionamento entre áreas e pessoas. Serviços como o Slack, Yammer ou FB Workplace, ganham tração e podem ser usados de forma integrada e complementar a intranet ou mesmo como serviços standalone.
- Plano de personalização e customização
O DW como plataforma de personalização e customização que sugere ou permite que o usuário tenha a sua disposição um menu de ferramentas e recursos que pode utilizar para realizar tarefas específicas ou para atender o dia a dia do seu perfil profissional. Dashboards, por exemplo, podem ser configurados para apresentar informações consolidadas que podem variar de acordo com o perfil hierárquico do usuário.
- Plano de conhecimento
Também podem ser uma plataforma de aquisição pontual ou continuada de conhecimento e de troca de informação.
- Plano de comunicação
O DW ser também para comunicação interna, onde o conteúdo editorial se mescla com camada de colaboração multiautoral de áreas e usuários.
- Plano de mobilidade
Por fim, os espaços digitais podem ser utilizados na mobilidade para todos usuários a partir de diferentes dispositivos (desktop, tablet, smartphone) e acessível a partir de todos os espaços de trabalho sejam eles internos ou externos ao espaço físico da empresa.
Uma estratégia de DW deve ser vista sobretudo como uma evolução e consolidação de modelos de maturidade de espaços digitais corporativos que já fazem parte do dia a dia de muitas empresas, mas, muitas vezes, de forma descoordenada e fragmentada.
A sua adoção exige que as empresas aceitem que suas fronteiras digitais não podem ser restritas pelas sua fronteiras físicas; que nenhuma única plataforma, como uma intranet, por mais evoluída que possa ser, não pode atender a todos as diferentes jornadas de funcionários e que as experiências de trabalho podem ser únicas e individuais. A sua adoção, finalmente, é tanto um desafio cultural e organizacional quanto tecnológico. O primeiro passo da empresa, como toda decisão de final de ano, não é se devemos começar, é quando vamos começar.
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