Este segundo semestre de 2018 talvez seja o melhor momento para a indústria brasileira dar esse passo em direção à quarta revolução
O conceito de Indústria 4.0 está começando a ser mais debatido no Brasil, mas nos Estados Unidos e em alguns países da Europa já é uma realidade concreta. Em 2006, a Alemanha realizou a final da Copa do Mundo em um estádio que tem apenas dois funcionários. E tudo funcionou perfeitamente bem inclusive durante esta partida, quando bilhões de pessoas estavam de olho no campo. Não se trata de uma façanha, mas de tecnologia de ponta: o estádio Olympiastadion, em Berlim, com capacidade para mais de 74 mil espectadores, é um exemplo de Indústria 4.0, em que todos os sistemas, desde iluminação, ar condicionado, abertura e fechamento de portões, entre outros, são automatizados e integrados.
Este ano no Brasil, já aconteceram ou estão previstos até dezembro, dezenas de eventos, feiras, palestras e workshops sobre a Indústria 4.0, o que mostra que, por aqui, esse assunto ainda é muito novo. Alguns projetos já estão saindo do papel, mas para que a quarta revolução industrial se concretize no Brasil, precisamos amadurecer alguns aspectos, como ampliar a mão de obra técnica especializada, aumentar a oferta de serviços de tecnologia, que são os insumos dessa área, e principalmente preparar as equipes das empresas para este novo cenário.
Este segundo semestre de 2018 talvez seja o melhor momento para a indústria brasileira dar esse passo em direção à quarta revolução. Isso porque o segundo trimestre foi muito ruim, efeito da greve dos caminhoneiros, que afetou as empresas tanto no recebimento de insumos como no escoamento da produção. O momento é propício para pensarmos em alternativas que podem ser adotadas afim de evitar que outras greves ou mesmo outros tipos de paralisação tenham um impacto tão grande na produção industrial do país todo. E o conceito da Indústria 4.0 pode contribuir muito nisso.
Na verdade, esse é um caminho sem volta porque a automação da indústria proporciona custos mais baixos, maior eficiência das máquinas e equipamentos, mais previsibilidade em relação a panes e problemas em geral nos parques industriais, além de oferecer relatórios mais detalhados e precisos, o que contribui muito para a tomada de decisões estratégicas.
Como muitos países já estão investindo nisso, a indústria brasileira pode perder competitividade caso não acompanhe o ritmo.
Acredito que o melhor caminho para que o Brasil alcance a quarta revolução industrial é a introdução de projetos de Indústria 4.0 nas empresas de menor porte, cujo investimento de tempo e dinheiro para tornar suas plantas fabris é mais baixo que uma grande empresa. Além disso, por terem estruturas mais enxutas, também conseguem inovar mais e de forma mais rápida, facilitando ainda a adaptação de suas equipes aos novos processos.
Por outro lado, precisamos também de uma força tarefa envolvendo toda a sociedade, pois diversos pontos precisam melhorar para permitir que as inovações ganhem escala na indústria brasileira. Dentre esses requisitos estão: melhoria da qualidade da internet no país, melhora do ambiente regulatório, que muitas vezes inibe evoluções tecnológicas – como acontece com o armazenamento em nuvem –, aprimoramento e expansão da mão de obra técnica especializada nos nichos necessários e as questões tributárias relacionadas ao setor.
Marcos Paulo Barreto — Arquiteto de Software da Stone Age.
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